Fazer ou não o Tour pelo Deserto de Uyuni foi uma duvida que me atormentou acompanhou por toda a viagem.
De todos os relatos negativos que li sobre a Bolívia pelo menos 99,9% deles eram sobre péssimas experiências nesse tour. Por isso eu estava tão cauteloso e apreensivo (cagando de medo pra falar o português bem claro).
Nessa altura da viagem, eu já tinha feito o downhill de Coroico, já tinha ido de La Paz para Cusco, realizei o sonho de conhecer Machu Picchu, passei por Copacabana, lago Titicaca e estava de volta à La Paz.
Fiz todos esses percursos de ônibus (outra coisa que me deixava apreensivo, por conta dos relatos que tinha lido). A impressão que tinha era que viajar de ônibus pela Bolívia seria uma coisa medieval. Mas não foi nada disso, pelo contrario, foi bem confortável. Até aqui tudo estava perfeito.
Isso tudo só me deixava mais dividido, porque eu pensava: até aqui foi tudo perfeito, talvez o grande horror estivesse me esperando em Uyuni. Seria eu tão privilegiado a ponto de dar tudo certo o tempo todo?
Okay pequeno gafanhoto, você já se divertiu o suficiente, talvez seja hora de voltar pro conforto do seu quintal…
Mas eu já estava lá, ainda tinha alguns dias livres, então por que não arriscar né? Como diria o Kelvin: A felicidade não me basta, exijo a euforia!
Bora pra Uyuni, e se for uma merda tudo bem. A experiência até aqui já era válida.
Passei o dia todo zanzando pelas ruas de La Paz, entrando em toda e qualquer agencia de viagem que eu avistasse (e não eram poucas), até que finalmente achei uma que me agradou bastante, era bem arrumadinha e até o folfer deles era mais bonito, mas era também uma das mais caras (os preços variavam de Bs 700,00 a Bs 1.500,00), nessa o tour de 3 dias custava 1.200,00 bolivianos. A agencia era a Wheels, mas o tour seria feito pelaQuechua Connection. Estava acima do meu orçamento, mas era melhor não arriscar uma agencia mais barata e ter dor de cabeça.
Todas as agencias oferecem praticamente as mesmas coisas e o mesmo roteiro, o que me chamou atenção nessa foi que além do “pacote básico” eles ofereciam um por do sol especial, saco de dormir, bolsa térmica, e boa comida, coisa que eu imaginei como sendo algo ruim, apenas comível e talvez não estragado. (sim, tenho vergonha de ter pensado assim, mas dados os relatos que eu li…).
Fui bem chato e enfático com a atendente: Se tivesse problemas voltaria lá e jogaria uma bomba na agencia (e falei isso em tom muito serio).
Enfim, pacote fechado! Ali mesmo já comprei a passagem de ônibus de La Paz para Uyuni, com a ajuda da mocinha da agencia, que muito prestativa ligou na rodoviária e fez uma reserva pra mim. Já era quase 17:00 e o ônibus partiria as 19:00 em ponto. Corri pro hostel, tomei um banho, arrumei as malas e fui pra rodoviária. As 19:15 o ônibus partiu. Era um ônibus leito (bus cama como eles dizem lá), bem confortável, com wi-fi, calefação, cobertor e uma fileira individual. Era um pouquinho mais caro, mas acredite, vale a pena. A empresa era a Trans Turístico Omar.
A viagem foi super tranquila e umas 13 horas depois, por volta de 08:30 eu estava em Uyuni. No terminal um boliviano muito prestativo se ofereceu pra me levar ate o escritório da Quechua (mesmo eu falando que não tinha um centavo), ele realmente fez de boa vontade. Na agencia me informaram que o tour pelo salar começaria as 10:30
Precisava achar uma casa de câmbio, algum lugar pra comer, tomar banho e um lugar pra comprar suprimentos extras para viagem (agua, bolacha, chocolate, barra de cereais etc) o medo de passar fome era enorme rs.
A cidade de Uyuni é um ovo, mas tem ótimos restaurantes, tomei um café da manhã que valeu por um almoço, achei um hostel onde era possível tomar um banho por apenas Bs 10,00. Mas em compensação a taxa de câmbio lá era péssima, era pior que a do Banco Safra do aeroporto de Guarulhos, mas enfim, precisava de grana.
Algo que aprendi muito rápido na Bolívia: Tenha SEMPRE dinheiro em espécie (em moeda local)! Sempre MESMO. A maioria dos lugares não aceita cartões, e sempre (mais uma vez ênfase no sempre) tem uma taxa de alguma coisa em algum lugar, e em TODO lugar você precisa pagar para usar o banheiro.
Voltei pro escritório da Quechua, era hora de conhecer meus “companheiros de viagem”, o grupo era composto por um casal de russos, uma holandesa e um indiano – todos de aparência bem simpática – nosso motorista, que se chamava Manuel e o nosso guia que se chamava Lucho, ambos bem simpáticos também. Pronto, grupo formado. Hora de partir.
Primeiro dia
A primeira parada é no famoso “cemitério de trens”, que fica bem pertinho do centro de Uyuni. Um emaranhado de trens abandonados, de um tempo em que a Bolívia deslumbrava o desenvolvimento.
depois partimos para o tão famoso deserto de sal. A paisagem é incrível, quase não se vê horizonte diante daquele imenso deserto branco de sal.
Ficamos ali um bom tempo tirando as famosas fotos em perspectiva (funny pictures como dizia nosso guia). Sempre achei meio clichê essas fotos e meio bobas, mas me diverti a beça, pareciamos um bando de imbecis tirando essas fotos, mas foi realmente bemmmm divertido kkkkk
Depois paramos pra almoçar onde tem a estatua do Rally Dakar Bolívia e seguimos para a Isla Incahuasi
É literalmente uma ilha no meio do deserto. Você precisa pagar uma taxa de visitação (Bs 30,00) e do ponto mais alto da ilha tem uma vista incrível do salar, é realmente muito bonito. Ficamos ali um bom tempo também.
Depois seguimos para uma “caverna”, onde fizemos uma parada bem rápida, pra tirar umas fotinhos legais.
Dali seguiríamos para o tão esperado “por do sol” e nesse momento eu esqueci totalmente das taxas de iof do meu cartão de credito e percebi como valeu a pena estourar o orçamento. Palavras são insuficientes para descrever o momento e infelizmente minha câmera em sua limitada em capacitar emoções, não conseguiu reproduzir nem metade do que aconteceu ali naquele momento.
Primeira noite
Depois desse por do sol incrível seguimos para manica, onde iriamos passar a primeira noite.
Passamos pelo famoso “hotel de sal” onde a maioria dos grupos passa a noite (e mais uma vez: obrigado VISA e IOF pela minha escolha). O hotel de sal é legalzinho e tal, mas a infraestrutura não é das melhores e lugar parece ser pouco confortável. Nosso alojamento tinha a desvantagem de ser um pouco mais longe, mas ao chegar, percebi como valeu a pena: Tínhamos quartos individuais com banheiro privado (um verdadeiro luxo). As instalações eram simples, mas o lugar era bem limpo e ótimo aspecto.
Tomamos um merecido banho quente e fomos pra uma sala onde o jantar seria servido. E foi aqui que senti vergonha por ter pensado mal da ênfase da moça da agencia sobre “boa comida”. O jantar foi delicioso, eles serviram uma sopa de quninua com legumes, bem deliciosa, depois tinha carne de alpaca e frango assado e algumas coisas para os vegetarianos. E por fim sobremesa.
O clima do jantar foi bem familiar, o grupo já estava me entrosado, foi realmente bem bacana. Depois o nosso guia Lutho nos levou para o quintal, com um laser para nos mostrar as constelações. Acho que nunca tinha visto um céu tão estrelado em toda minha vida. Já era tarde e decidimos ir dormir, porque acordaríamos bem cedo no dia seguinte, mas não fosse pelo frio, eu teria passado a noite ali mesmo.
Segundo dia
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